Mercado sinaliza recuperação com melhora nas vendas e na oferta
Por Administrador
Publicado em 05/06/2025 15:27
AGRONEGOCIO/AGRICULTURA

Após um mês de maio marcado por recuos consistentes, o mercado pecuário brasileiro começa a apresentar sinais de recuperação. Levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP) indicam que, desde a última semana, os preços da arroba do boi gordo vêm encontrando maior estabilidade, com registros pontuais de reajustes positivos nas principais praças pecuárias do país.

O movimento é atribuído a uma combinação de fatores. De um lado, o aumento do interesse por parte das indústrias frigoríficas, que voltaram às compras com mais intensidade no mercado físico (spot); de outro, a retração na oferta de animais terminados, em função da resistência dos pecuaristas em negociar com valores abaixo do esperado. Essa redução na disposição de venda tem encurtado as escalas de abate, que voltaram a girar em torno de cinco a sete dias úteis – em alguns casos, com embarques marcados para até dois dias após a negociação, evidenciando maior urgência na reposição dos lotes.

A leve retomada no apetite comprador também se reflete no atacado. Na Grande São Paulo, as cotações da carne bovina seguem estáveis, mas há relatos de melhora no ritmo das vendas, especialmente para cortes com maior giro no varejo. O impulso sazonal, com o início do mês e o pagamento de salários, pode estar contribuindo para essa recuperação pontual da demanda doméstica, ainda que o consumo siga pressionado pelo orçamento apertado da maioria das famílias brasileiras.

Pressões externas e expectativas – No cenário externo, o desempenho das exportações também influencia a formação dos preços no mercado interno. Embora os embarques de carne bovina in natura tenham registrado bons volumes nos primeiros meses do ano, houve desaceleração em abril e maio, em parte pelo menor ritmo de compras de mercados como China e Emirados Árabes Unidos, principais destinos da proteína nacional.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de carne bovina totalizaram cerca de 180 mil toneladas em maio, volume inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado. O preço médio por tonelada também caiu, o que pressiona as margens dos frigoríficos e amplia a cautela nas negociações internas.

Mesmo assim, há expectativa no setor de que o segundo semestre traga melhores perspectivas para a exportação, especialmente com a chegada de temperaturas mais elevadas no hemisfério norte — o que costuma elevar o consumo de carne bovina — e a possível retomada de compras mais agressivas por parte da China, que tradicionalmente intensifica os embarques na segunda metade do ano.

Estratégia e cautela – Para o pecuarista, o cenário exige estratégia. A venda de animais neste momento deve considerar a relação entre custo de produção e preços praticados no mercado, além da atenção às movimentações do mercado externo e à capacidade de resposta da indústria frigorífica. Com a reposição ainda lenta e a entressafra se aproximando em algumas regiões, o controle da oferta pode reforçar a valorização da arroba nos próximos meses, especialmente se a demanda doméstica continuar reagindo, ainda que de forma moderada.

Outro ponto importante para o produtor é acompanhar o comportamento do mercado de reposição, que ainda está travado em diversas regiões. O recuo nas cotações dos bezerros observado nos últimos meses, aliado à elevação nos custos com nutrição animal e logística, pode afetar decisões sobre engorda e retenção de animais.

Por ora, o mercado do boi gordo dá sinais de maior equilíbrio, mas ainda navega em águas instáveis. A trajetória nos próximos meses dependerá do comportamento da demanda, da consistência nas exportações e, sobretudo, da capacidade de articulação entre oferta e custo para garantir rentabilidade ao longo da cadeia produtiva.

 

Fonte: https://pensaragro.com.br/mercado-sinaliza-recuperacao-com-melhora-nas-vendas-e-na-oferta/

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