De que lado estão as grandes potências — e o Brasil — no conflito entre Israel e Irã
Irã lançou mísseis contra Israel em retaliação ao ataque de sexta-feira
Publicado em 16/06/2025 14:33
NOTICIAS INTERNACIONAIS

Uma série de ataques de grande proporção de Israel contra o Irã na madrugada de sexta-feira (13/6) deflagrou um conflito entre os dois países — que há muito tempo são adversários ferrenhos no Oriente Médio.

Foram atacadas usinas nucleares como a de Natanz e alvos militares iranianos. Foi também o maior ataque da história contra a elite militar iraniana, segundo analistas.

Israel matou seis cientistas nucleares iranianos e figuras do alto escalão, como o chefe do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami.

Israel alega que seu objetivo é atacar o programa nuclear iraniano. O Irã afirma que seu programa nuclear é pacífico, mas Israel e aliados dizem que o país está desenvolvendo armas nucleares.

Desde o ataque israelense, o Irã retaliou disparando mísseis contra Israel. O conflito entre os países está no quarto dia — e mais de 240 pessoas já morreram.

Existe o temor de que esse conflito entre duas potências regionais tenha repercussões maiores: desde alta em preços internacionais de combustíveis e alimentos ao envolvimento de grandes potências no conflito.

Confira abaixo como as grandes potências — e também o Brasil — têm se posicionado sobre o conflito entre Israel e Irã até agora.

EUA: 'Não estamos envolvidos'

Os EUA afirmaram não estarem envolvidos na decisão de Israel de bombardear instalações nucleares iranianas — mas o presidente americano, Donald Trump, disse que os EUA apoiam Israel.

Na sexta-feira, dia dos ataques, o secretário de Estado, Marco Rubio, divulgou um comunicado afirmando que Israel havia tomado "ações unilaterais" e alertando o Irã para não retaliar contra os EUA.

"Não estamos envolvidos em ataques contra o Irã e nossa principal prioridade é proteger as forças americanas na região", disse Rubio. "Para ficar claro: o Irã não deve ter como alvo interesses ou pessoal dos EUA."

Embora os EUA tenham se distanciado publicamente da operação israelense, a TV estatal iraniana acusou Washington de ser "cúmplice" de um ataque que "matou crianças".

Trump com repórteres

Trump disse a repórteres que foi avisado previamente por Israel do ataque ao Irã

O presidente americano, Donald Trump, disse que os EUA foram informados por Israel antes do ataque.

Trump disse à CNN que "é claro" que os EUA apoiam Israel "e apoiam como ninguém jamais apoiou".

Em entrevista à ABC, ele disse que os ataques israelenses "têm sido excelentes" e que "há mais por vir — muito mais".

Para os correspondentes da BBC News nos EUA, Christal Hayes e Bernd Debusmann Jr, a estratégia de Trump parece ser esperar que a ação militar leve o Irã a fazer novas concessões em negociações sobre seu programa militar, mas que se trata de "uma dança delicada de distanciar os EUA das ações de Israel enquanto ainda tenta usá-las para obter vantagem na mesa de negociações".

China: apoio ao direito de defesa do Irã

O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, telefonou para os ministros do Irã e de Israel no sábado (14/6).

Wang condenou o ataque de Israel que desencadeou o conflito na sexta-feira e defendeu o direito do Irã de se defender.

"A China condena explicitamente a violação por parte de Israel da soberania, segurança e integridade territorial do Irã [...] e apoia o Irã na salvaguarda da sua soberania nacional, defendendo os seus direitos e interesses legítimos", disse Wang, em um comunicado oficial divulgado pelo governo da China.

A China também se apresentou como possível mediador do conflito e "disposta a desempenhar um papel construtivo neste processo".

Nesta segunda-feira (16/6), a China instou Israel e Irã a tomarem medidas para reduzir a tensão, enquanto os ataques de ambos os lados continuam.

"Conclamamos todas as partes a tomarem medidas imediatas para acalmar as tensões, evitar que a região mergulhe em uma turbulência ainda maior e criar condições para retornar ao caminho certo de resolução de problemas por meio do diálogo e das negociações", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun.

Rússia: condenação a Israel

Na noite de sexta-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, manteve conversas telefônicas separadas com Netanyahu e com o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, informou o Kremlin.

Putin condenou as ações israelenses e também "expressou a disposição de fornecer serviços de mediação para evitar uma nova escalada de tensões", segundo comunicado do governo russo.

A Rússia é uma importante aliada militar e política do Irã.

A imprensa russa indicou que Moscou pode até se beneficiar do conflito entre Israel e Irã.

"Por mais cínico que isso possa parecer em um nível tático, há vantagens [para a Rússia] no conflito entre Irã e Israel", disse artigo do jornal russo Moskovsky Komsomolets.

Masoud Pezeshkian e Vladimir Putin

Vladimir Putin (D) é um dos aliados do Irã, do presidente Masoud Pezeshkian

Isso inclui preços globais mais altos do petróleo e menos atenção internacional para a guerra da Rússia na Ucrânia. A alta dos preços internacionais beneficia a economia russa.

"Kiev foi esquecida", afirma Moskovsky Komsomolets, em relação à guerra na Ucrânia.

"Qualquer escalada no Oriente Médio distrai os oponentes de Moscou da Ucrânia e altera as prioridades da assistência militar ocidental", escreveu o diário de negócios Kommersant.

"A Rússia poderia, teoricamente, desempenhar o papel de árbitro imparcial, ajudando, se não a resolver a crise, pelo menos a acalmá-la. Dessa forma, Moscou fortaleceria sua influência na região."

Mas o Kommersant alerta que a escalada também acarreta sérios riscos e custos potenciais para Moscou. A Rússia não conseguiu impedir o ataque de Israel contra um país com o qual Moscou assinou um acordo abrangente de parceria estratégica há cinco meses.

 

 

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