Estudo da FGV revela que impacto do “tarifaço” no agronegócio será de R$ 52 bilhões
Publicado em 08/08/2025 08:53
AGRONEGOCIO/AGRICULTURA

O tarifaço do Trump que entrou em vigor quarta-feira (06.08), vai afetar seriamente 78% das exportações do agronegócio brasileiro, segundo um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), por meio de seu centro especializado em economia agroindustrial (FGV Agro), divulgado nesta quinta-feira (07.08).

Segundo a FGV, apenas 22% dos embarques agropecuários do Brasil em 2025 estão sendo beneficiados pela alíquota reduzida, o que significa que a grande maioria dos produtos do campo brasileiro segue altamente penalizada no principal mercado consumidor do mundo. Em valores, isso representa cerca de R$ 52,6 bilhões de um total de R$ 67,8 bilhões em vendas externas do agro para os EUA sujeitas à tarifa cheia.

O levantamento também aponta os impactos regionais. No Sul do país, onde predominam exportações de tabaco, motores e equipamentos mecânicos, a tarifa média ajustada chega a 45%. No Centro-Oeste, com foco em carnes e açúcar, a média é de 32%. Já o Sudeste, com destaque para derivados de petróleo e aeronaves, tem a menor exposição tarifária, com 29%. Nordeste e Norte ficam com 31% e 27%, respectivamente.

Os produtos que escaparam da sobretaxa de 40% aplicada sobre a alíquota básica, como castanhas-do-pará com casca, suco de laranja, linho e derivados de celulose, mas respondem por apenas bilhões R$ 15,1 bilhões, um volume considerado modesto frente à relevância do agro nas exportações brasileiras.

No total, o Brasil exportou R$ 226,2 bilhões para os Estados Unidos no primeiro semestre de 2025. Desse valor, R$ 100,8 bilhões foram diretamente afetados pela nova tarifa de 50%.

Como reação, o governo brasileiro prepara um plano de contingência sob coordenação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A proposta incluirá um sistema de avaliação setorial com base no grau de dependência das exportações para os EUA, o que deve ajudar a direcionar compensações e linhas de apoio.

O plano considera, por exemplo, os setores mais impactados diretamente, como couro, pescados, carne e sucos, e os que sofrem efeitos indiretos, como têxtil, calçadista e metalmecânico, que enfrentam encarecimento de insumos e perda de competitividade internacional.

A perspectiva, segundo o estudo da FGV, é de que o tarifaço traga efeitos estruturais na balança comercial bilateral, com impacto mais profundo no agronegócio brasileiro, justamente no momento em que o setor buscava ampliar presença no mercado norte-americano.

 

Fonte: https://pensaragro.com.br/estudo-da-fgv-revela-que-impacto-do-tarifaco-traz-prejuizo-de-r-52-bilhoes-para-o-agronegocio/

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