Israel decidiu rebaixar sua relação diplomática com o Brasil após este não responder à indicação de um novo embaixador, segundo reportagem do jornal Haaretz.
O Brasil não teria respondido à indicação de Gali Dagan ao cargo, deixando de conceder o agrément — consentimento à nomeação de um diplomata estrangeiro para atuar em seu território.
A reportagem do jornal israelense foi publicada na segunda-feira (25/08) no horário brasileiro, terça-feira (26) em Israel.
"Após o Brasil, excepcionalmente, recusar-se a atender a um pedido de reunião do Embaixador Dagan, Israel retirou o pedido e as relações entre os países passaram a ser conduzidas em um nível diplomático inferior", disse o Ministério das Relações Exteriores de Israel ao Haaretz.
O ministério israelense acrescentou que "continua mantendo contato próximo com os diversos círculos de amigos que Israel mantém no Brasil".
A BBC News Brasil pediu posicionamento oficial do governo israelense e do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) e atualizará o texto em caso de resposta.
Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, disse à TV Globo que o Brasil não vetou o nome, apenas deixou de responder à indicação.
"Não respondemos. Simplesmente não demos. Eles entenderam e desistiram. Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam?", indagou Amorim.
O assessor provavelmente se referia a um episódio ocorrido em fevereiro de 2024, envolvendo o diplomata brasileiro Frederico Meyer.

O então ministro das Relações Exteriores Israel Katz ao lado do diplomata brasileiro Frederico Meyer em ocasião considerada pelo Brasil como um insulto
Na ocasião, o então embaixador do Brasil em Israel foi convidado para um evento no Museu do Holocausto, onde ouviu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tornou-se "persona non grata" no país e não era mais bem-vindo em Israel.
Pouco antes, Lula havia comparado a ofensiva isralense contra Gaza ao Holocausto — quando milhões de judeus foram mortos e perseguidos pelos nazistas.
Na ocasião, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que a comparação havia ultrapassado "a linha vermelha".
O governo brasileiro considerou a situação em que Meyer foi colocado como um insulto ao país.
Em maio de 2024, Lula decidiu retirar Meyer de Israel, que ficou sem um embaixador brasileiro.
Em julho deste ano, o governo brasileiro anunciou que vai aderir a uma ação, na Corte Internacional de Justiça (CIJ), que acusa Israel de genocídio em Gaza.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque liderado pelo grupo palestino Hamas a Israel em 7 de outubro. Na ocasião, cerca de 1.200 pessoas foram mortas e outras 251 foram levadas para Gaza como reféns.
Israel respondeu com uma grande ofensiva militar que dura até hoje e matou mais de 62.744 pessoas no território palestino, segundo dados do Ministério da Saúde administrado pelo Hamas (e considerados confiáveis pelas Nações Unidas).
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cvgnxm82r9xo